quinta-feira, 15 de março de 2007

A Renúncia por Cida Medeiros

Significado: Renunciar, não querer, rejeitar.

Renúncia também pode ser considerado um ato espiritual, para o aprimoramento do
espirito, para elevação e para se alcançar um bem maior.

Todo ato que dignifica o ser numa escala de valores morais e éticos precede sempre
um ato de renúncia face a jornada da alma rumo a Ascensão Espiritual.

Não é nada fácil para o aspirante do caminho sagrado seguir a estrada de
valores humanos e a senda do meio.

Subir um degrau de entendimento, na escalada divina, nos obriga a nós diferenciar,
não para ferir o outro, mais para estar com a consciência em paz e tranquilo pelo
cumprimento de dever.

Porém, pasme, muitos se afastam.


Não compreendem que o que fazemos é para nos mantermos em sintonia com as
virtudes do espirito.

Queremos alcançar o voo da águia e nos deparamos, com as bicadas das rapinas.

Queremos promover a paz, e nos deparamos com a guerra.

Renunciamos a guerra e nos deparamos com a indiferença.

Alcançamos méritos por esforços dignos e nós deparamos com a inveja dos que
não sabem celebrar e reconhecer suas próprias vitorias.

Tenhamos que definitivamente renunciar ao protótipo modelo social e nos conscientizar
da quantidade de energia que cada um carrega para cumprir sua jornada.

Definitivamente, renunciar modelos, que mais nos oprime do que nos ajuda.

Encontrar o senso de limite e se fortalecer naquilo que cada um é.

E a partir de sua realidade interior, construir um novo caminho.

Curar a si mesmo, antes de mais nada significa reconhecer a si mesmo.

Vamos honrar o caminho trilhado por cada um, silenciar diante das diferenças.

Se somos obra de Deus, devemos sustentar uma quantidade possível de sua energia
amorosa em nossos espíritos.

Podemos ser inteiros, mas jamais seremos perfeito. A perfeição não é humana, a
perfeição é um ato divino, a ser alcançado por inúmeros planos de consciência.

E muitos deles, não estão ao alcance da matéria. Só para Budhissatwas.

Muitos degraus de consciência são necessários subir para alcançar níveis  superiores
de entendimento e graus superiores de compreensão.

Na vida, somos confrontados inúmeras vezes com situações das quais é difícil abrir mão
mas que embora nos cause pesar, dor e lamentação o melhor caminho é fazer a renuncia.

O que podemos renunciar:

- Uma postura de superioridade, que mascara uma vulnerabilidade interior.
- Abrir mão de convicções que se defrontam com a realidade e a fazem desabar.
- Flexibilizar uma postura regida de superioridade moral quando defrontado com a sombra.
- Um saber que se confronta com um saber superior e desaba as crenças antigas.
- Renuncia por um ideal que se mostrou intangível. E adequar-se aos limites da realidade.
- Uma auto-imagem idealizada que mascara o eu mais profundo.
- Valores duvidosos para se seguir rumo a novos valores.
- Renuncia como ato de pura humildade, quando percebemos o limite de uma situação.
- Deixar ir, muitas vezes pessoas que amamos, numa entrega absoluta, para que uma nova ordem se estabeleça.
- Sair de uma posição de soberbia e se adequar a um novo padrão econômico.
- Renunciar a uma crença, para se atingir uma meta maior.
- O Orgulho, a vaidade, a postura de superioridade que só fere o outro.

Para complementar este artigo, escrito por mim, Cida Medeiros, venho transcrever as
palavras de Bert Hellinger, do Livro Ordens do Amor, da editora Cultrix: Onde a
referencia da renuncia se faz no processo das Constelações Familiares, onde
muitas vezes temos que renunciar uma percepção de realidade e se abrir para um
conhecimento novo, mais amplo, mais enriquecedor, porém, assustador, face a descoberta
de enigmas ocultos.

Bert Hellinger, diz:

"O primeiro pressuposto para alcançar essa compreensão é a ausência de intenção.
Quem mantém intenções impõe à realidade algo de seu; talvez pretenda alterá-la a partir de
uma imagem preconcebida ou influenciar e convencer outras pessoas de acordo com ela.
Procedendo assim, procede como se estivesse numa posição superior face à realidade;
como se ela fosse um objeto para a sua subjetividade e não fosse ele, ao invés, o objeto da realidade.
Aqui fica evidente o tipo de renúncia exigida de nós para abdicarmos de nossas intenções,
inclusive das boas intenções. Além do mais, o próprio bom senso exige essa renúncia,
pois a experiencia nos mostra que frequentemente sai errado o que fazemos com boa intenção ou até mesmo com a melhor das intenções. A intenção não substitui a compreensão."

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