Segue o cap. 14 de O c astral de Arthur Powell.
A.
CAPÍTULO XIV
A VIDA DEPOIS DA MORTE: PECULIARIDADES
Se considerarmos as condições da vida astral de um homem, haverá dois
fatores importantes a serem levados em conta: 1º a extensão do tempo
que ele passa em qualquer subplano particular; 2º o grau de sua
conscientização.
A extensão do tempo depende da quantidade de matéria pertencente
aquele determinado subplano, a qual ele incorporou ao seu corpo
astral durante a vida física. Terá que ficar, necessariamente, no
referido subplano, até que a matéria a ele correspondente se tenha
desprendido de seu corpo astral.
Durante a vida física, conforme vimos anteriormente, a qualidade do
corpo astral que o homem constrói para si próprio é determinada
diretamente pelas suas paixões, desejos e emoções e, indiretamente,
pelos seus pensamentos, bem como pelos seus hábitos físicos -
alimento, bebida, higiene, continência etc. Um corpo astral vulgar e
grosseiro, resultando de uma vida vulgar e grosseira, levará o homem
a responder apenas às vibrações astrais inferiores, de forma que
depois da morte ele se encontrará sujeito ao plano astral durante o
longo e lento processo de desintegração do corpo astral.
Por outro lado, um corpo astral aprimorado, criado por uma vida pura
e aprimorada, levara' o homem a ser insensível as vibrações
grosseiras e baixas do mundo astral e responsivo apenas às suas
influências superiores: conseqüentemente, ele terá muito menor
transtorno em sua vida após a morte e sua evolução se processará
rápida e facilmente.
O grau de conscientização depende do grau até o qual ele vivificou e
usou a matéria do subplano particular em sua vida física.
Se durante a vida terrena a natureza animal foi afagada e teve
permissão para fazer excessos, se o aspecto intelectual e o
espiritual foram negligenciados ou sufocados, então o corpo astral,
ou de desejo, persistirá por um longo tempo após a morte física.
Por outro lado, se o desejo foi dominado e cerceado durante a vida
terrena, se foi purificado e treinado para obedecer à natureza
superior, pouco haverá então para energizar o corpo astral e ele
rapidamente se dissolverá, desintegrando-se.
O homem médio, contudo, de forma alguma libertou-se de todos os seus
desejos inferiores antes da morte e, conseqüentemente, é necessário
que tenha um longo período nos vários subplanos do plano astral para
que as forças por ele geradas se exaurem e libertem assim o ego
superior.
O princípio geral é que, quando o corpo astral exauriu suas atrações
em um nível, a parte maior de suas partículas mais grosseiras tomba e
ele se encontra em afinidade com um estado de certa forma superior de
existência. Sua gravidade específica, por assim dizer, está
constantemente diminuindo e, assim, vai continuamente subindo da
camada densa para as mais leves, detendo-se apenas quando fica
exatamente equilibrada, a cada tempo.
Estar em dado subplano no mundo astral é ter desenvolvido
sensibilidade das partículas do corpo astral que pertencem àquele
subplano. Ter perfeita visão do plano astral significa ter
desenvolvido sensibilidade em todas as partículas do corpo astral, de
forma que todos os subplanos ficam simultaneamente visíveis.
Um homem que levou uma vida boa e pura, cujos sentimentos e
aspirações foram espirituais e destituídos de egoísmo, não se sentirá
atraído pelo plano astral e, se for deixado inteiramente a sós, pouco
encontrará que o mantenha ali ou que desperte nele uma atividade,
mesmo pelo período relativamente curto de seu estágio. Suas paixões
terrenas tendo sido dominadas durante a vida física e sua força de
vontade tendo sido dirigida para canais superiores, há pouca energia
de desejo inferior para ser descartada no plano astral. Assim, seu
estágio ali será muito curto e é mais provável que tenha pouco mais
do que uma sonolenta semiconsciência até que mergulhe no sono durante
o qual seus princípios mais altos finalmente se libertem do corpo
astral e ingressem na vida de beatitude do mundo celestial .(sobre
isso, ver nota do compilador)
Se nos expressarmos mais tecnicamente, diremos que durante a vida
física Manas purificou Kama com o qual estava entretecida, de forma
que depois da morte tudo quanto restou de Kãma foi um simples
resíduo, facilmente descartável pelo ego que se está retirando. Um
homem assim teria pouca consciência no plano astral.
E bastante possível que um homem possa, como resultado de suas
encarnações anteriores, ter grande quantidade de matéria astral
grosseira em seu corpo astral. Mesmo que tenha sido educado, e tenha
conduzido sua vida de forma a não vivificar aquela matéria grosseira,
e embora muita dessa matéria possa ter sido descartada e substituída
por matéria mais refinada, ainda assim bastante dela ficou.
Conseqüentemente, o homem terá de permanecer em um plano astral
inferior durante algum tempo, até que realmente a matéria grosseira
seja descartada. Porém, já que tal matéria não foi vivificada, ele
terá pouca consciência e dormirá praticamente durante o período em
que ali permanecer.
Há um ponto conhecido como ponto crítico entre cada par de subestados
de matéria: o gelo pode ser levado a um ponto em que o menor
acréscimo de calor o tornará liquefeito; a água pode ser levada a um
ponto em que o menor acréscimo de calor pode transformá-la em vapor.
E assim, cada subestado de matéria astral pode ser levado a um ponto
de finura no qual qualquer refinamento adicional o transformaria no
subestado próximo mais alto. Se um homem fez isso para cada subestado
da matéria de seu corpo astral, de forma que ele foi purificado até o
último grau possível de delicadeza, então o primeiro toque da força
desintegradora despedaça sua coesão e leva-a à condição original,
deixando-o imediatamente livre para passar ao subplano seguinte. Sua
passagem através do plano astral será, assim, de uma rapidez
inconcebível, e ele atravessará o plano de uma forma virtualmente
instantânea, seguindo para o estado mais alto do mundo celestial.
(sobre isso, ver nota do compilador)
Todas as pessoas, depois da morte, têm de passar por todos os
subplanos do plano astral, em seu caminho para o mundo celestial.
(ver nota do compilador) Mas o serem ou não conscientes de todos
eles, e em que extensão o seriam, dependerá dos fatores citados.
Por essas razões, é claro que a soma de consciência que um homem
possa ter no plano astral, e o tempo que ali irá passar em seu
caminho para o mundo celestial, pode variar dentro de limites muito
amplos. Há alguns que passam ali apenas algumas horas ou dias, outros
permanecem por muitos anos, até mesmo durante séculos.
(...)
A questão geral do intervalo entre vidas terrenas é complicada. Aqui
só poderemos tocar brevemente na porção astral desses intervalos.
Para maiores detalhes, o estudante é remetido ao livro A Vida
Interior, de C. W. Leadbeater.
Três fatores principais têm de ser levados em conta:
(1) A classe do ego.
(2) A forma da sua individualização.
(3) A extensão e a natureza de sua última vida terrena.
Geralmente falando, um homem que morre jovem terá uni intervalo menor
do que um que morra em idade avançada, mas é provável que tenha uma
vida astral proporcionalmente mais longa, porque muitas das fortes
emoções que se exaurem na vida astral são geradas na parte inicial da
vida física.
Devemos recordar que no mundo astral nossos métodos comuns de medir o
tempo mal podem ser aplicados; mesmo na vida física a ansiedade e a
dor se estendem por horas que parecem infinitas, e no plano astral
essas características se exageram ao cêntuplo.
No plano astral um homem só pode medir o tempo pelas suas sensações.
A falsa idéia da danação eterna veio da distorção desses fatos.
Vimos, assim, que tanto o tempo de permanência como a soma de
consciência mantida em cada nível do plano astral dependem muitíssimo
do tipo de vida que o homem teve no mundo físico. Outro fator de
grande importância é a atitude mental do homem depois da morte física.
A vida astral pode ser dirigida pela vontade, tal como pode sê-lo a
vida física. Um homem com pouca força de vontade e iniciativa é,
tanto no mundo astral como no mundo físico, e muito, a criatura do
ambiente que criou para si. Um homem determinado, por outro lado,
pode sempre fazer o melhor das suas condições e viver sua própria
vida, apesar delas.
Um homem, portanto, não se livra de suas más tendências no mundo
astral, a não ser que trabalhe positivamente para esse fim. Se não
fizer esforços definidos, terá de sofrer necessariamente as
conseqüências dessa sua incapacidade de satisfazer os desejos que só
podem ser atendidos por intermédio do corpo físico. Com o correr do
tempo esses desejos diminuem e morrem, simplesmente por causa da
impossibilidade de satisfazê-los.
O processo, contudo, pode ser muitíssimo acelerado, assim que o homem
compreenda a necessidade de livrar-se dos maus desejos que o retêm e
faça o esforço necessário para isso. Um homem ignorante do verdadeiro
estado das coisas, habitualmente fica a remoer seus desejos,
encompridando assim a vida desses desejos e, com isso, agarra-se
desesperadamente às partículas grosseiras da matéria astral por tanto
tempo quanto puder, porque as sensações, relacionadas com ela parecem
mais aproximadas daquelas que dá a vida física, e pelas quais ele
ainda anseia. O procedimento certo para ele, naturalmente, é matar os
desejos terrenos e recolher-se em si mesmo o mais depressa possível.
(ver nota do compilador)
Mesmo o conhecimento meramente intelectual das condições da vida
astral e, afinal, das verdades teosóficas em geral, é de inestimável
valor para um homem, em sua vida após a morte.
É da mais alta importância que depois da morte física um homem possa
reconhecer claramente que ele se está recolhendo continuamente em
direção do ego e, conseqüentemente, que deve libertar seus
pensamentos, tanto quanto possível, das coisas físicas, fixando sua
atenção nas coisas espirituais com as quais se ocupará, quando, em
devido tempo, passar do plano astral para o plano mental ou mundo
celestial.( não é bem assim, ver nota do compilador no final do texto)
Muitas pessoas, infelizmente, recusam voltar seus pensamentos para o
alto e se agarram aos assuntos terrenos com desesperada tenacidade.
Com a passagem do tempo, paulatinamente e no curso normal da
evolução, elas perdem contato com os mundos inferiores. Contudo,
lutando a cada passo do caminho, causam a si próprias muito
sofrimento desnecessário e adiam seriamente seu progresso.
Nessa oposição ignorante ao curso natural das coisas, a posse de um
cadáver físico dá assistência a um homem, tal cadáver servindo como
uma espécie de sustentáculo no plano físico.
Alguns exemples típicos da vida astral após a morte ilustrarão melhor
a natureza e a base lógica daquela vida.
Um homem comum, sem destaque algum, nem especialmente bom nem
especialmente mau, de forma alguma é transformado pela morte, mas
permanece descolorido como antes. Conseqüentemente, não terá
sofrimento especial nem especial alegria: na verdade, pode achar
aquela vida bem monótona, porque, não tendo cultivado interesses
particulares durante a vida física, nenhum interesse tem em sua vida
astral.
Se durante a sua vida física não se ocupou senão da tagarelice vazia,
do esporte, dos negócios ou dos trajos, quando tais coisas não forem
mais possíveis, ele se irá encontrar, naturalmente, com o tempo a lhe
pesar nas mãos.
Entretanto, um homem que tem fortes desejos de qualidade inferior,
que foi, por exemplo, um bêbado ou um sensual, estará em condições
bem piores. Não só seus anseios e desejos permanecerão com ele
(lembremo-nos de que os centros de sensação estão situados em Kama e
não no corpo físico), como serão mais fortes do que nunca, porque sua
força integral expressa-se na matéria astral, e não se está mais
empregando parte dessa matéria para pôr em movimento as pesadas
partículas físicas.
Estando na mais baixa e depravada condição da vida astral, um homem
assim parece com freqüência estar ainda suficientemente próximo do
físico para ser sensível a certos odores, embora a titilação
produzida seja suficiente apenas para excitar ainda mais seu louco
desejo e tantalizá-lo ao ponto do frenesi.
Porém, como não mais possui o corpo físico, através do qual e apenas
através dele seus desejos podem ser saciados, não tem possibilidade
de aplacar sua terrível sede. Daí as inumeráveis tradições do fogo do
purgatório, encontradas em quase todas as religiões, que não deixam
de ser adequadas como símbolos para as torturantes condições que
descrevemos. Tais condições podem durar por longo tempo, já que só
desaparecem paulatinamente, por exaustão.
A base racional e a justiça automática de todo o processo é clara:
o homem criou, ele próprio, as suas condições, por suas próprias
ações, e determinou o grau exato de seu poder e duração. Ademais,
essa é a única forma pela qual ele pode livrar-se de seus vícios,
porque, se reencarnasse imediatamente, iniciaria sua próxima vida
precisamente como terminou a precedente, isto é, como escravo de suas
paixões e apetites; e a possibilidade de jamais conseguir o domínio
de si mesmo estaria consideravelmente reduzida. Mas,- tal como as
coisas são, havendo-se exaurido seus apetites, ele poderá começar sua
próxima encarnação sem a carga em que eles se constituem, e seu ego,
tendo recebido uma severa lição, provavelmente fará todos os esforços
possíveis para refrear seus veículos inferiores quanto à repetição
daqueles erros.
Um ébrio habitual consegue às vezes rodear-se de um véu de matéria
etérica e assim materializar-se parcialmente. Pode, então, sentir o
cheiro do álcool, mas não da mesma maneira pela qual nós o sentimos.
Daí ficar ansioso para forçar outros a se embriagarem, de forma que
ele possa, parcialmente, entrar em seus corpos físicos e obsedá-los,
sentindo, através daqueles corpos, diretamente o sabor e as outras
sensações pelas quais anseia.
A obsessão pode ser permanente ou temporária. Tal como acabamos de
mencionar, um sensual morto pode agarrar qualquer veículo que consiga
furtar a fim de afagar seus grosseiros desejos. Em outras ocasiões um
homem pode obsedar alguém como um ato calculado de vingança:
registrou-se um caso em que um homem obsedou a filha de um inimigo.
A melhor maneira de evitar a obsessão ou resistir a ela está no
exercício da força de vontade. Quando o fato ocorre é porque quase
sempre a vítima, em primeiro lugar, deixou-se dominar voluntariamente
pela influência invasora; o primeiro passo a dar é reagir contra essa
submissão. A mente deve colocar-se com firmeza, em determinada
resistência contra a obsessão, compreendendo fortemente que a vontade
humana é mais forte do que qualquer má influência.
Tal obsessão é naturalmente muitíssimo afastada do natural e, para
ambas as partes, prejudicial em grau muito elevado.
O efeito do uso excessivo do fumo sobre o corpo astral é notável. O
veneno de tal forma enche o corpo astral que ele se enrijece sob a
sua influência e se torna incapaz de mover-se livremente. Durante
algum tempo o homem fica paralisado, capaz de falar, ainda assim
privado de qualquer movimento e quase que inteiramente desligado de
influências superiores. Quando a parte envenenada de seu corpo astral
se exaure, ele emerge daquela desagradável condição.
O corpo astral muda as suas partículas, tal como o faz o corpo
físico, mas nada há que corresponda a comer ou digerir alimento. As
partículas astrais que se desprendem são substituídas por outras,
tiradas da atmosfera ambiente. Os desejos puramente físicos que
trazem a fome e a sede já não existem ali; mas o desejo do glutão que
quer ter a sensação do paladar, e o desejo do ébrio pelas sensações
que se seguem à absorção do álcool, sendo ambos astrais, ainda
persistem. E, como ficou dito antes, podem causar grande sofrimento
devido à ausência do corpo físico, somente através do qual tais
desejos podem ser satisfeitos.
Muitos mitos e tradições existem, exemplificando as condições
descritas. Um deles é o de Tântalo, que sofreu sede enlouquecedora e
estava condenado a ver a água recuar exatamente quando ia tocá-la com
os lábios. Outro exemplo, tipificando a ambição, é o de Sísifo,
condenado a rolar uma pesada pedra até o topo de uma montanha e
vê-la rolar novamente para baixo. A pedra representa os planos
ambiciosos que tal homem continua a formar, apenas para compreender
que não tem um corpo físico com que possa levá-los adiante. Ele
acaba, finalmente, por exaurir sua egoística ambição, compreende que
não precisa rolar sua pedra e deixa que ela fique em paz na base da
montanha.
Outra história é a de Titio, um homem que foi amarrado a um rochedo e
tinha seu fígado bicado por abutres, que o comiam. Mas aquele fígado
tornava a crescer sempre, tão depressa quanto era comido. Isso
simboliza o homem torturado pelas bicadas do remorso trazido por
pecados cometidos na terra.
O pior que o homem comum do mundo habitualmente arranja para si
próprio depois da morte é uma existência inútil e altamente
cansativa, sem interesses racionais - seqüela natural de uma vida
desperdiçada em auto-satisfação, futilidades e falatório ocioso, aqui
na terra.
As únicas coisas de que gosta já não lhe são possíveis, porque no
mundo astral não há negócios a fazer e, embora possa ter todo o
companheirismo que deseje, a sociedade é agora, para ele, uma coisa
muito diferente, porque todas as suas pretensões, no que a ela se
referem e estão habitualmente baseadas neste mundo, já não são
possíveis.
O homem faz assim, para si mesmo, seu próprio purgatório e seu
próprio céu, e tais coisas não são lugares, mas estados de
consciência.
O inferno não existe: é apenas uma ficção da imaginação teológica.
Nem o purgatório nem o inferno podem ser eternos, porque uma causa
finita não pode produzir resultado infinito.
Apesar disso, as condições do pior tipo de homem depois da morte
talvez sejam melhor descritas pela palavra "inferno", embora tais
condições não sejam intérminas. Assim, por exemplo, acontece às vezes
que um assassino é seguido por sua vítima, jamais podendo escapar
dessa presença obsessionante. A vítima (a não ser que também ela seja
de tipo inferior) está envolvida em inconsciência e essa mesma
inconsciência parece acrescentar um novo horror àquela perseguição
mecânica -
Tais fatos não acontecem arbitrariamente, mas são o resultado
inevitável de causas postas em movimento pelas pessoas. As lições da
natureza são severas, mas com o andar do tempo revelam-se
misericordiosas, porque levam à evolução da alma e são rigorosamente
corretivas e salutares.
Para a maioria das pessoas, o estado em que se encontram após a morte
é muito mais feliz do que a vida que tiveram sobre a terra. A
primeira sensação de que o morto tem consciência é habitualmente a de
uma liberdade maravilhosa e deleitante. Nada há para afligi-lo, não
lhe são impostos deveres, a não ser aqueles que ele próprio se impõe.
Observado o caso desse ponto de vista, está claro que há ampla
justificativa para a afirmação de que as pessoas fisicamente vivas
sepultadas e comprimidas em corpos físicos, estão, no verdadeiro
sentido, muitíssimo menos "vivas" do que aquelas que habitualmente
chamamos mortas. Os chamados mortos são muito mais livres e, estando
menos constrangidos pelas condições materiais, podem trabalhar com
muito maior eficiência e cobrir campo maior de atividade.
Um homem que não permitiu a redistribuição de seu corpo astral está
livre de todo o mundo astral, não o encontra exageradamente povoado
porque o mundo astral é muito maior do que a superfície do mundo
físico e sua população é de certa forma menor, sendo a vida média da
humanidade no mundo astral mais curta do que a média da vida no mundo
físico.
Além dos mortos, há ainda no plano astral cerca de um terço de vivos
que deixaram temporariamente seu corpo enquanto dormem.
Embora todo o plano astral esteja aberto a qualquer dos seus
habitantes que não permitiram a redistribuição de seu corpo astral,
ainda assim a grande maioria permanece próxima da superfície da terra.
Passando para um tipo superior de homem, podemos considerar um que
tenha - algum interesse de natureza racional, isto é, música,
literatura, ciência etc. Não mais existindo a necessidade de passar
uma grande proporção de cada dia "ganhando a vida", o homem está
livre para fazer precisamente aquilo de que gosta, tanto quanto for
capaz de realização sem a matéria física. Na vida astral é possível
não só ouvir os maiores músicos, mas ouvir muito mais música do que
antes, porque há no mundo astral outras e mais amplas harmonias do
que os ouvidos físicos, relativamente embotados, podem captar. Para o
artista, todo o encantamento do mundo astral superior está aberto
para seu gozo. Um homem pode rápida e facilmente mover-se de um lugar
para outro e ver as maravilhas da Natureza, com muito maior
facilidade, é óbvio, do que jamais poderia fazê-lo no plano físico.
Se ele é um historiador ou um cientista, as bibliotecas e os
laboratórios do mundo estão à sua disposição; sua compreensão dos
processos naturais será mais completa do que jamais fora, porque ele
agora pode ver tanto o interior como o exterior dos trabalhos e
muitas das causas das quais antes apenas conhecia os efeitos. Em
todos esses casos, sua satisfação é grande-mente aumentada porque não
há fadiga possível.
Um filantropo pode continuar seu trabalho beneficente mais
vigorosamente do que jamais o fizera e sob melhores condições do que
no mundo físico. Há milhares de criaturas que ele pode auxiliar e com
maior certeza de estar propiciando real benefício.
É bastante possível, para qualquer pessoa, depois da morte, dispor-se
ao estudo, no plano astral, adquirindo assim idéias inteiramente
novas. Desta forma, há pessoas que podem tomar conhecimento da
Teosofia pela primeira vez, no mundo astral. Há registro de um caso
em que uma pessoa dedicou-se ao estudo da música naquele plano,
embora tal coisa seja pouco comum.
Em geral, a vida no plano astral é mais ativa do que no plano físico,
sendo a matéria astral mais vitalizada do que a matéria física, e a
forma apresentando-se mais plástica. As possibilidades, tanto de
entretenimento como de progresso, são sob todos os aspectos muito
maiores no plano astral do que no plano físico. Tais possibilidades,
porém, são de classe mais elevada e exigem inteligência maior para se
fazerem proveitosas. Um homem que durante sua estada na terra devotou
todo o seu pensamento e toda a sua energia apenas às coisas
materiais, pouco provavelmente terá capacidade para se adaptar a
condições mais adiantadas, pois sua mente semi-atrofiada não será
forte o bastante para captar as possibilidades mais amplas de uma
vida maior.
Um homem cuja vida e interesses foram de tipo superior, estará em
condições de fazer progresso maior em poucos anos de vida astral do
que jamais poderia fazer nos anos da mais longa das vidas físicas.
Sendo os prazeres astrais muito maiores do que os do mundo físico, há
o perigo de que as pessoas se voltem para eles, em prejuízo do
caminho do progresso. Mesmo as satisfações da vida astral,
entretanto, não apresentam sério perigo para os que compreenderam um
pouco daquilo que é mais alto. Depois da morte, um homem deve tentar
passar através dos níveis astrais o mais rapidamente possível, de
forma compatível com a sua utilidade, e não ceder aos refinados
prazeres que eles oferecem, como não cederia aos do mundo físico.
Qualquer homem desenvolvido é, sob todos os aspectos, tão ativo
durante a vida astral após a morte como o foi em sua vida física.
Pode, indiscutivelmente, ajudar ou bloquear seu próprio progresso e o
de outros, tanto após a vida como antes, e conseqüentemente está todo
o tempo gerando karma da mais alta importância.
Na verdade, a consciência de um homem que está vivendo inteiramente
no mundo astral é habitualmente muito mais definida do que o foi
durante sua vida astral quando adormecido, o que o capacita mais a
pensar e agir com determinação, de forma que suas oportunidades de
criar bom ou mau karma são maiores -
Em geral, pode-se dizer que um homem é capaz de criar karma onde quer
que sua consciência esteja desenvolvida, ou onde quer que possa agir
ou escolher. Assim, as ações realizadas no plano astral podem
produzir frutos kármicos para a próxima vida terrena.
No mais baixo dos subplanos astrais, tendo outras coisas a distrair-
lhe a atenção, um homem pouco se preocupa com o que acontece no mundo
físico, a não ser quando busca antros de vício.
No subplano seguinte, o sexto, estão homens que, enquanto vivos,
centralizaram seus desejos e pensamentos principalmente nos assuntos
mundanos. Conseqüentemente, ainda pairam em torno das pessoas e
lugares com os quais estiveram mais ligados quando na terra, e podem
ter consciência de muitas coisas sobre eles. Nunca, todavia, vêem a
própria matéria física, mas sempre a sua contraparte astral.
Assim, por exemplo, um teatro cheio de gente tem sua contraparte
astral, que é visível às entidades astrais. Não poderiam, contudo,
ver, tais como os vemos, os costumes ou as expressões dos atores e as
emoções dos artistas, já que são simuladas e não reais, e não podem
fazer impressão no plano astral. Os que estão no sexto subplano, que
fica sobre a superfície da terra, encontram-se rodeados pelas
réplicas astrais das montanhas, árvores e lagos que fisicamente
existam. Nos dois subplanos seguintes, o quinto e o quarto, essa
consciência dos acontecimentos físicos também é possível, embora em
grau que vai rapidamente diminuindo. Nos dois subplanos seguintes, o
terceiro e o segundo, o contato com o plano físico só pode ser obtido
por um esforço especial de comunicação através de um médium. Do
primeiro subplano, o mais alto, mesmo a comunicação através de um
médium seria muito difícil. Os que vivem em subplanos mais altos
quase sempre se munem das cenas que desejam. Assim, num trecho do
mundo astral há homens que se rodeiam de paisagem de sua própria
criação; outros aceitam paisagens já feitas, construídas por outros.
(Uma descrição dos vários níveis ou subplanos será dada no capítulo
XVI.)
Há casos em que homens constroem para si próprios cenas descritas em
suas várias escrituras religiosas, tentando a desajeitada fabricação
de jóias nascendo de árvores, de mares de vidro mesclado com fogo, de
criaturas cheias de olhos por dentro, e de deidades com centenas de
braços e cabeças.
No lugar que os news spiritualists chamam Terra de Verão(summerland),
as pessoas da mesma raça e da mesma religião tendem a manter-se
reunidas depois da morte, tal como o eram na vida terrena, de forma
que há uma espécie de rede de terras de verão sobre países a que
pertenceram as pessoas que os criaram, sendo formadas comunidades,
amplamente diferentes umas das outras, tal como se dá com comunidades
semelhantes na terra. Isso se deve não só à afinidade natural, mas
também ao fato de que as barreiras da linguagem ainda existem no
plano astral.
Esse princípio se aplica realmente ao plano astral em geral. Assim,
numa sessão mediúnica no Ceilão, verificou-se que as entidades que se
comunicavam eram budistas e que, para além do túmulo, tinham
encontrado a confirmação de suas pré-concepções religiosas,
exatamente como os membros das várias seitas cristãs da Europa. Os
homens encontram no plano astral não apenas suas formas-pensamentos,
mas as que foram feitas por outros - sendo estas, em alguns casos, o
produto de gerações de pensamentos de milhares de pessoas, todas
seguindo a mesma linha.
Não é fora do comum, para os pais, empenharem-se em imprimir seus
desejos sobre os filhos, isto é, no que se refere a algum
relacionamento especial que eles desejam. Tal influência é insidiosa,
já que um homem comum pode tomar essa pressão contínua como seu
próprio desejo subconsciente.
Em muitos casos, os mortos se constituíram em anjos da guarda dos
vivos, mães muitas vezes protegendo seus filhos, maridos protegendo
suas esposas e assim por diante, durante muitos anos.
Em outros casos, um escritor ou compositor musical mortos podem
imprimir suas idéias sobre um escritor ou um compositor que estejam
no mundo físico, de forma que muitos livros levados ao crédito dos
vivos são, realmente, o trabalho dos mortos. A pessoa que realmente
escreve pode estar consciente da influência, ou pode estar
inteiramente inconsciente dela.
Um romancista conhecido diz que suas histórias lhe surgem não sabe de
onde e que, na realidade, não são escritas por ele, mas através dele.
Reconhece isso. Há muitos outros provavelmente na mesma situação,
porém que são inconscientes dela.
Um médico que morre, muitas vezes continua depois da morte a
interessar-se pelos seus pacientes, tentando curá-los lá do outro
lado ou sugerir ao seu sucessor métodos de tratamento que, com suas
faculdades astrais recentemente obtidas, sabe que lhes serão úteis.
Embora a maioria das pessoas "boas" comuns, que morrem de morte
natural deixem de ter provavelmente qualquer consciência do que quer
que seja físico, já que atravessam rapidamente os estágios inferiores
antes de terem despertada a consciência astral, ainda assim, mesmo
entre essas pessoas, algumas podem ser atraídas de volta a ter
contato com o mundo físico em virtude de grande ansiedade sobre
alguém que ali ficou.
O desgosto de parentes e amigos também pode atrair a atenção de quem
passou para o plano astral e tende a trazê-lo de volta ao contato com
sua vida terrena. Essa tendência a descer cresce com o uso, e o homem
irá com certeza usar sua vontade para se manter ligado ao mundo
físico. Durante algum tempo, seu poder de observar as coisas terrenas
aumentará, mas a seguir irá diminuindo e ele sofrerá provavelmente ao
sentir esse poder evadindo-se dele.
Em muitos casos, as pessoas não só causam a si próprias uma
quantidade imensa de dor inteiramente desnecessária, mas também com
freqüência prejudicam seriamente aqueles pelos quais choram com
intenso e incontrolado desgosto.
Durante todo o período da vida no plano astral, seja ele curto ou
longo, o homem está ao alcance das influências terrenas. Nos casos
que acabamos de mencionar, a dor apaixonada e os desejos de amigos da
terra enviam vibrações ao corpo astral do homem que morreu e assim
alcançam e acordam sua mente, ou Manas inferior. Acordado assim de
seu estado sonhador para a recordação vivida da vida terrena, ele
pode tentar comunicar-se com seus amigos da terra possivelmente
através de um médium. Tal despertar é muitas vezes acompanhado de
agudo sofrimento e, seja como for, o processo natural de recessão do
ego é retardado.
O ensinamento oculto nem por um momento aconselha que se esqueça o
morto; mas sugere que a lembrança afetuosa dele é uma força que, se
dirigida apropriadamente na intenção de ajudar seu progresso (...)
pode ser de real valor para ele enquanto os lamentos não só são
inúteis, mas prejudiciais. E com instinto verdadeiro que a religião
hindu realiza suas cerimônias Shrâddha e a Igreja Católica suas
preces pelos mortos.
As preces, com as cerimônias que as acompanham, criam elementais que
golpeiam o corpo astral da entidade kâmalóquica e apressam-lhe a
desintegração, dirigindo-a, assim, para o mundo celestial.
Quando, por exemplo, uma missa é oferecida com a definida intenção de
ajudar a pessoa morta, ela será sem dúvida beneficiada pelo afluxo de
força: o pensamento forte fixado nela atrai inevitavelmente sua
atenção, e quando é atraído à Igreja toma parte na cerimônia e goza
de uma boa porção de seus resultados. Mesmo que ainda esteja
inconsciente, a vontade do padre e suas orações dirigem uma corrente
de força para a pessoa em questão.
Mesmo a sincera oração geral pelo bem dos mortos, como um todo,
embora seja provavelmente vaga e portanto menos eficiente do que um
pensamento mais definido, tem ainda no produto adicional um efeito
cuja importância seria difícil exagerar. A Europa pouco sabe do
quanto deve àquelas grandes ordens religiosas que se devotam, noite e
dia, a orações contínuas pelos fiéis desaparecidos.
NOTA DO COMPILADOR: Nosso intuito é o esclarecimento espiritual,
portanto devemos ter em mente que os ensinos teosóficos, e a presente
obra trouxe informações importantes, mas algumas correções puderam
ser feitas às informações que eles nos trouxeram no século XIX. No
caso, a informação que as experiências projetivas e os relatos dos
instrutores espirituais, sérios, lúcidos e serenos, nos mostram, é
que a vida celestial como a teosofia preconizava e o autor neste
capítulo cita constantemente, não é bem assim. Dizia-nos Leadbeater
que o homem após passar pelo plano astral teria que ir para o plano
mental, onde encarafuchado em sua concha mental ficaria lá opor um
longuíssimo período até sua próxima reencarnação, por isso
acreditavam e acreditam muitos até hoje que seguem fielmente as
idéias de Blavastki de que a reencarnação só se daria a cada 1200
anos. Portanto o estágio que o indivíduo permaneceria no astral seria
uma espécie de purgação para o mundo celestial. Hoje sabemos que: não
há limites ou períodos fixos para que uma pessoa possa reencarnar. 1
mês, 1 ano, 50 anos, 100 anos ou 250 anos, varia conforme uma série
de precondições ligadas especificamente àquele indivíduo. No entanto,
atualmente devido a expansão populacional e ao processo de
aceleramento da história, dificilmente ficamos mais de 300 anos no
astral. Sabemos também que não chegamos ao mundo celestial no período
pós-mortem entre uma encarnação e outra, para a maioria de
individualidades ora encarnadas, voltaremos ao físico sem passar para
o mundo pertencente ao plano mental.(mundo celestial). A rigor só irá
ao mundo celestial como morada indivíduos que vieram de lá. Sempre
tendo em mente que os que habitam o plano mental definitivamente
perderam o psicossoma ou corpo astral, portanto estão em uma condição
acima dos serenões ou mestres ascensionados. No entanto, poderemos ir
as esferas do plano mental para instrução e aperfeiçoamento.(ver
quantoa isso sobre o ministério da União divina em Nosso lar e a
ascensão de Alexandre descrita no último capítulo de "missionários da
Luz".
As descrições dos planos, são, vejam bem, tentativas humanas para
descrever planos de dimensões que o cérebro físico não consegue por
limitação evolutiva apreender em todas as suas possibilidades.
Portanto precisamos ver as descrições sobre os planos no âmbito de
instruções gerais que servem para termos uma idéia aproximada do que
há no mundo espiritual. Importante é compreendermos os conceitos e
fugirmos da cristalização de idéias. O plano astral se subdivide em
um número mais amplo de divisões do que as normalmente descritas e
que as esferas mais altas do astral não guardam nenhuma relação com
nosso mundo físico. Alguns poderão visitar o plano mental com o
corpo mental, a guisa de estudos para aperfeiçoamento e este plano é
extremamente ativo. Foi a idéia do nirvana oriental, que estimulou
esta descrição do plano mental, está idéia preconiza a excelssitude
extática como sendo a recompensa a todos os que anulam o desejo, a
sensação, logo convencionou-se colocar tais estágios avançados como
obrigatórios ao final de uma jornada no mundo dos sentimentos(mundo
astral). O plano astral, entendido aqui como o conjunto de planos que
ainda guardam forma é por assim dizer a morada de todos os que se
encontramreencarnados neste planeta. (AfS)
"Há uma grande diferença entre CONHECER o caminho e PERCORRER o caminho"
Morpheus para Neo, no filme Matrix (uma parábola sobre Maya)
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